Uma pesquisa encomendada pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), revelou que 72% dos pacientes com doenças crônicas só descobriram o problema após o aparecimento de sintomas. Considerando essa estatística, percebe-se que grande parte dos brasileiros ainda têm o hábito de buscar atendimento médico apenas quando identificam a presença de algum sintoma.
Porém, mais do que estar atento a sintomas de uma possível doença ou comorbidade, é fundamental atuar de forma preventiva, enxergando a saúde no seu conceito mais amplo, ou seja, como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de uma enfermidade.
E para que haja uma consolidação dessa prática, é muito importante que programas de promoção e prevenção da saúde sejam implementados e difundidos amplamente por todas as esferas governamentais.
Promoção e prevenção da saúde: entenda a diferença
É comum confundir os conceitos de promoção e de prevenção de saúde e achar que ambos significam a mesma coisa. Porém, existem algumas diferenças.
A promoção à saúde é um conceito bastante amplo, que diz respeito a projetos e intervenções realizados para beneficiar e proteger a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida dos indivíduos, com foco na prevenção e autonomia e não apenas no tratamento e na cura. Ela tem uma abordagem multidisciplinar, valendo-se das ciências biológicas, ambientais, psicológicas, físicas e médicas.
Já a prevenção da saúde é uma ação antecipada, que surge no contexto da promoção da saúde, como um conjunto de ações que devemos tomar por precaução, com o objetivo de evitar determinados riscos e acontecimentos.
Nesse sentido, a prevenção e promoção da saúde são ações que, embora tenham características diversas estão interligadas e a sua coexistência contribui para o bem-estar de todos os envolvidos no processo. Além disso, são elas as responsáveis pela conscientização da população, no sentido de promover mudanças de atitudes e a também a busca por hábitos saudáveis, de modo a efetuar uma eficaz prevenção de doenças.
Prevenção de doenças
Segundo o Ministério da Saúde, “prevenção é todo ato que tem impacto na redução de mortalidade e morbidade das pessoas”. Ela é baseada no conhecimento da história natural da doença, a fim de tornar improvável seu progresso posterior e é dividida em quatro níveis:
Prevenção Primária: refere-se ao período de pré-patogênico, em que acontece a proteção específica contra agentes patológicos ou pelo estabelecimento de barreiras contra os agentes do meio ambiente. Este nível de prevenção está ligado a todas as intervenções que visam diminuir a incidência de uma doença na população, ou seja, desenvolvimento de ações que impeçam a ocorrência de determinada patologia. Alguns dos exemplos são: vacinação, tratamento de água para consumo humano, uso de preservativos, mudanças nos hábitos de vida (incentivo a uma boa alimentação, realização de exercícios físicos), dentre outros.
Prevenção Secundária: essa fase se apresenta em dois níveis, sendo o primeiro diagnóstico e tratamento precoce e o segundo limitação da invalidez. Visa um diagnóstico imediato e um tratamento para evitar a prevalência da doença no indivíduo.
Prevenção Terciária: caracteriza-se por ter o objetivo de limitar a progressão da doença e evitar suas complicações; promover a adaptação às sequelas e a reintegração no meio e prevenir recorrências.
Prevenção Quaternária: pressupõe ações que procurem basicamente prevenir a medicalização exagerada, evitando intervenções desnecessárias. Ou seja, essa última prática lida com pessoas cuja doença está estabelecida, o objetivo é que ela passe o mínimo possível por desconfortos médicos.
Política Nacional de Promoção da Saúde
A Agência Nacional de Saúde (ANS) considera como um programa para a Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doença o conjunto orientado de estratégias e ações programáticas integradas que objetivam a promoção da saúde; a prevenção de riscos, agravos e doenças; a compressão da morbidade; a redução dos anos perdidos por incapacidade e o aumento da qualidade de vida dos indivíduos e populações.
Seguindo essa linha, o objetivo geral da Política Nacional de Promoção à Saúde (PNPS) consiste em promover a equidade e a melhoria das condições de vida e dos modos de viver, ampliando a potencialidade da saúde individual e coletiva, reduzindo vulnerabilidades e riscos à saúde, decorrentes dos determinantes sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais. Para concretizar esse objetivo, foram traçadas as seguintes estratégias:
- Gestão intersetorial dos recursos na abordagem dos problemas e potencialidades em saúde, ampliando parcerias e compartilhando soluções na construção de políticas públicas saudáveis.
- Capacidade de regulação dos Estados e municípios sobre os fatores de proteção e promoção da saúde.
- Reforçar os processos de participação comunitária no diagnóstico dos problemas de saúde e suas soluções, reforçando a formação e consolidação de redes sociais e protetoras.
- Promoção de hábitos e estilos de vida saudáveis, com ênfase no estímulo a alimentação saudável, atividade física, comportamentos seguros e combate ao tabagismo.
- Promoção de ambientes seguros e saudáveis, com ênfase no trabalho com escolas e comunidades.
- Reforço à reorientação das práticas dos serviços dentro do conceito positivo de saúde, atenção integral e qualidade, tendo a promoção como enfoque transversal das políticas programas, projetos e ações, com prioridade para a atenção básica e o Programa de Saúde da Família.
- Reorientação do cuidado na perspectiva do respeito a autonomia, a cultura, numa interação do cuidar/ser cuidado, ensinar/aprender, aberto a incorporação de outras práticas e racionalidades.
Vida saudável
Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos em todas as idades está entre os dezessete objetivos sustentáveis da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A nível individual, já é possível observar esse movimento, pois cada vez mais as pessoas revelam uma maior preocupação em manter-se saudáveis.
Mas para alcançar esse objetivo, não existem regras ou atitudes específicas. Porém, é possível criar uma série de bons hábitos que, quando adotados com disciplina, podem ajudar a manter o equilíbrio físico, mental e emocional e, consequentemente, auxiliar na prevenção de doenças.
Pensando nisso, separamos algumas dicas que podem ajudar a atingir esse objetivo:
- Pratique exercícios físicos regularmente.
- Alimente-se bem, reduzindo sempre alimentos industrializados, ricos em sal, açúcares e gorduras. Insira na dieta mais alimentos naturais.
- Beba muita água.
- Evite ofumo e bebidas alcoólicas em excesso.
- Proteja a pele da exposição excessiva ao sol. Utilize sempre filtro solar.
- Priorize asboas noites de sono.
- Faça um check-upregularmente (mesmo sem apresentar sintomas).
- Cuide da sua saúde mental e nunca sinta vergonha de procurar ajuda psicológica.
- Não utilize medicamentos sem prescrição médica.
- Tenha hábitos de higiene adequados, lembrando-se sempre de lavar as mãose de não compartilhar objetos de uso pessoal.
- Controle seuestresse.
- Procure sempre organizar um tempo na sua agenda para as atividades que mais gosta.
- Evite comparar sua vida social com a de outras pessoas.
- Não se preocupe com o padrão de beleza imposto pela sociedade, pois cada pessoa é única e apresenta uma beleza diferente.
- Mantenha boas relações sociais.
- Evite fazer muitas coisas ao mesmo tempo.
- Controle suas finanças.
- Seja grato por tudo o que conquistou.