Queimaduras representam um sério problema de saúde pública e seus números têm adquirido contornos cada vez mais alarmantes. Estima-se que, a cada ano, mais de um milhão de pessoas sejam vítimas de queimaduras em todo o Brasil. Segundo um levantamento feito pelo Ministério da Saúde, a grande maioria desses acidentes costuma acontecer na própria residência das vítimas e quase metade dessas ocorrências envolve a participação de crianças.
Atualmente, a queimadura está entre os acidentes domésticos mais comuns entre crianças e adolescentes de 0 a 14 anos. Além de ser a segunda maior causa de internação por motivos acidentais nesta faixa etária (sendo especialmente importante entre crianças de 0 a 4 anos). Além das crianças, os idosos também compreendem um grupo de risco alto para queimaduras, devido à sua menor capacidade de reação e às limitações físicas peculiares à idade mais avançada.
As queimaduras podem ser provocadas pelo contato direto com alguma fonte de calor ou frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação ou mesmo alguns animais e plantas (como larvas, águas-vivas e urtiga), dentre outros. Elas são classificadas pelo grau de comprometimento do tecido cutâneo atingido, sendo mais grave quanto mais profundo for esse comprometimento ou pela extensão do dano.
Classificação:
– Queimadura de 1º grau: são queimaduras leves em que ocorre uma vermelhidão no local, seguida de inchaço e dor variável. Não se formam bolhas, e a pele não se desprende. Geralmente, deixa um ardor no local e, com o tempo, raramente fica uma cicatriz.
– Queimaduras de 2º grau: são queimaduras em que ocorre uma destruição maior da epiderme e derme. A dor é mais intensa e, normalmente, aparecem bolhas no local ou há desprendimento total ou parcial da pele afetada. A recuperação dos tecidos é mais lenta e pode deixar cicatrizes e manchas claras ou escuras.
– Queimaduras de 3º grau: são queimaduras em que há uma destruição total de todas as camadas da pele. A dor é geralmente pequena, pois a queimadura é tão profunda que chega a danificar as terminações nervosas da pele. Pode ser muito grave e até fatal, dependendo da porcentagem de área corporal afetada. Na evolução, sempre deixam cicatrizes, podendo ser necessário tratamento cirúrgico e fisioterápico posterior, para retirada de lesões e aderências que afetem a movimentação. Tardiamente, algumas cicatrizes podem ser foco de carcinomas de pele e, por isso, o acompanhamento dessas lesões é fundamental.
Medidas preventivas
A boa notícia é que com atenção e algumas medidas preventivas relativamente simples, é possível evitar que acidentes com queimaduras ocorram, tais como:
- Colocar as panelas nas bocas traseiras do fogão e com os cabos virados para trás ou para o lado (jamais para fora), para evitar que as crianças puxem os cabos;
- Impedir a presença de crianças na cozinha quando estiver utilizando o forno ou o fogão;
- Manter sempre cabos e alças em bom estado, para evitar que se soltem e derramem o conteúdo quando você erguer as panelas;
- Manter o registro do gás fechado quando não estiver utilizando o fogão;
- Dar preferência para o uso do álcool gel;
- Nunca deixar fósforos e isqueiros ao alcance de crianças;
- Evitar utilizar qualquer tipo de chama dentro de casa, seja para aquecimento, seja para iluminação. Se não puder evitar, deixe as chamas distantes de tecidos (cortinas, tapetes, toalhas) e sempre sob sua visão. Não espalhe velas pelos cômodos da casa;
- Manter o ferro de passar roupas longe das crianças;
- Guardar solventes, combustíveis (como o álcool) e outros produtos químicos em recipientes adequados, devidamente fechados e fora do alcance de crianças;
- Utilizar protetores nas tomadas elétricas e não as sobrecarregue com vários equipamentos;
- Não deixar as crianças manusearem fogos de artifício. Para o adulto, é primordial seguir as instruções da embalagem;
- Ter muito cuidado com fogueiras nas festas juninas. O ideal é que as crianças fiquem longe;
- Evitar manipular álcool próximo a cigarros, charutos, fósforos acesos, churrasqueiras e fogueiras;
- Evitar a exposição prolongada ao sol e sempre usar filtro solar.
Como proceder em caso de acidente
Caso a queimadura venha a acontecer, é fundamental saber como agir. Para isso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica recomenda:
- O primeiro passo é tratar a queimadura. Portanto, lave o local com água fria e corrente imediatamente e, se possível, deixe alguns minutos na água, para diminuir a temperatura local. Faça compressas frias, pois elas aliviam a dor.
- Em queimaduras extensas ou com bolhas e/ou sinal de tecido carbonizado, cubra as lesões com compressa úmida e leve a um hospital de confiança.
- Também é importante saber o que NÃO fazer:
- Nunca toque a queimadura com as mãos;
- Nunca fure ou estoure bolhas;
- Nunca tente descolar tecidos grudados na pele queimada;
- Nunca retire corpos estranhos ou graxa do local queimado;
- Nunca coloque manteiga, pó de café, creme dental, gelo ou qualquer outra substância sobre a queimadura – somente o médico sabe o que deve ser aplicado sobre o local afetado.
E em casos acidentes graves ou emergência, ligue para o corpo de bombeiros: 193.