O suicídio continua sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo, de acordo com as últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicadas em junho deste ano, no relatório “Suicide worldwide in 2019”. Só no ano de 2019, mais de 700 mil pessoas tiraram a própria vida e um número ainda maior tentou suicídio.
Segundo o órgão, todos os anos, morrem mais pessoas por resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama, por exemplo. E cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros e tem efeitos duradouros sobre as pessoas deixadas para trás. Além de ser, ainda, um grave problema de saúde pública.
Um dado que tem chamado bastante atenção desde o início da pandemia do novo coronavírus, tem sido o aumento dos fatores de risco para suicídio entre os profissionais da saúde, principalmente em se tratando daqueles que estão atuando na linha de frente.
Um estudo recente com profissionais de saúde que estavam no epicentro do surto de Covid-19 na China, descobriu que mais da metade das pessoas sofreu com efeitos psicológicos, incluindo depressão, insônia e angústia.
Outra grande equipe de pesquisa destacou também que, juntamente com evidências de aumento dos riscos de burnout e depressão, os médicos possuem uma taxa de suicídio mais alta do que a população em geral. Assim como eles, as enfermeiras também ganharam destaque nesta triste estatística. Em um estudo realizado pela Universidade de Michigan, ficou constatado que elas tendem a cometer suicídio a uma taxa dobrada em relação à população feminina geral (um dado alarmante, visto que as chances de suicídio, em geral, são maiores entre o sexo masculino).
Isso decorre do fato de que, de experimentarem níveis significativos de sofrimento psicológico, esse profissionais são menos propensos que a população em geral a procurar tratamento para a saúde mental. As barreiras relatadas que impedem que eles busquem ajuda incluem: restrições de tempo, relutância em chamar a atenção para a fraqueza auto-percebida e preocupações sobre sua reputação e confidencialidade.
Além disso, a Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio alerta que um grande problema, principalmente para os médicos, está no fato de que os mesmos, muitas vezes, recorrem à automedicação, com medicamentos prescritos para gerenciar ansiedade, insônia ou outros sintomas angustiantes.
Para ajudar a reduzir os índices de suicídio dentre os profissionais da saúde, especialistas reforçam para a necessidade de programas que visam o bem-estar desses profissionais, tal como um maior controle do acesso aos medicamentos.
A importância da prevenção
Para a OMS, “não podemos – e não devemos – ignorar o suicídio. Cada um deles é uma tragédia. Nossa atenção à prevenção do suicídio é ainda mais importante agora, depois de muitos meses convivendo com a pandemia de COVID-19, com muitos dos fatores de risco para suicídio – perda de emprego, estresse financeiro e isolamento social – ainda muito presentes”.
Por esse motivo, é fundamental que sejam intensificados os esforços para prevenção do suicídio, uma vez que, segundo o órgão, 90% deles pode ser revertido a partir dessas ações. Dentre as estratégias para reverter as estatísticas, destacam-se:
- A identificação precoce, avaliação, gestão e acompanhamento de qualquer pessoa afetada por pensamentos e comportamentos suicidas;
- Limitar o acesso aos meios letais (como medicamentos, pesticidas e armas de fogo);
- Promover habilidades socioemocionais para a vida em adolescentes
- Procurar ajuda com grupos de apoio;
- Ações e iniciativas governamentais que assegurem minimamente a estabilidade financeira da população mais vulnerável;
- Reforço e ampliação das medidas de segurança pública e suporte às vítimas de violência doméstica;
- Reforço às iniciativas de suporte e acolhimento às pessoas em situação de vulnerabilidade emocional.
E se você é profissional da saúde e está passando por situações de muito estresse, esgotamento ou depressão, ou conhece alguém que está passando por isso, o melhor caminho é procurar por ajuda. Acesse https://www.cvv.org.br/ ou entre em contato com o número 188 e saiba mais. Você não está sozinho nessa!